Branca Amande Cavalcante

Gosto de pintar quadros, assim como gosto de cozinhar. São, para mim, verdadeiros deleites espirituais.
Por conseguinte, preparar um prato bem decorado, com arranjos, constitui-se em verdadeira terapia ocupacional. As sopas e cremes portugueses, a bacalhoada, em suas várias modalidades, e, principalmente, a cozinha árabe, atraem-me sobremaneira.
Ofereci a uma dileta amiga, outro dia, um creme de ervilha e uma comidinha árabe. Ela adorou, conforme me disse, e eu acreditei plenamente, porque sei que sua palavra é sempre sincera, pois conheço o seu caráter.
A amiga, ao devolver os recipientes que armazenaram a comida, disse-me que, conforme crendice popular, deveria fazê-lo colocando nos depósitos alguma “prenda”.
A maior prenda, no entanto, já estava depositada em meu coração, quando a amiga declarou, com sinceridade, que havia gostado muito das comidas que lhe mandei.
O ingrediente maior, a prenda de relevância que recebi foi a manifestação de satisfação pela degustação das comidas que mandei.
Não há alimento maior, mais nutritivo, do que o que vem da alma, com os ingredientes da amizade, da sinceridade, da satisfação interior e, acima de tudo, da compreensão humana.
A vida é uma dádiva de Deus. Saber vivê-la bem, é uma compensação para as agruras que nos são impostas no dia a dia.