
Ainda como estudante, quando me encontrava no Rio, um dos locais que eu mais frequentava era o Largo do Machado.
Lugar fascinante. Ali eu passava parte das tardes de domingo, depois de um cineminha no circuito Severiano Ribeiro.
Almoçava numa pensão, na rua das Laranjeiras, sem dispensar a indefectível sopa de verdura.
O Rio estava prestes a deixar de ser a Capital da República, porém ainda ostentava a sua grandeza como sede do Governo Federal. Tudo funcionava a contento.
Olha, era um tempo encantador. Não havia o perigo que hoje está em todo o lugar, tendo a gente que ser um verdadeiro cão policial, olhando para os lados, “farejando” tudo. Qualquer barulho maior, assusta. A gente vive acordado para tudo e para todos. Eta vidinha difícil!
Foi um grave erro a mudança da Capital Federal para Brasília! Lá, perdida no Planalto Central, entre o nada e coisa nenhuma, parece que não vem cumprindo bem a sua missão. Fica muito distante das grandes pressões populares. É a chamada “Ilha da Fantasia”.
Mas, o assunto é o Largo Machado. Passados tantos anos, o local ainda me é especial, apesar dos transtornos dos dias de hoje. Ali se concentram pessoas idosas que sentam nos bancos da praça e passam horas e horas jogando dominó. E os estudantes, nos dias de semana, com suas irreverências, enchem a praça de vida, e, porque não dizer, de barulho. Agora, com a pandemia, tudo ficou parado.
O que mais encanta no Largo do Machado, no entanto, são as bancas de venda de flores. São flores de todos os tipos, com arranjos ornamentais, dando um colorido e um visual maravilhosos. Felizes os que vivem cercados de flores, posto que elas são uma bênção da natureza, ou seja, de Deus.
É verdade que o Largo do Machado perdeu muito de sua antiga magia mas, ainda, há esperança de sua revitalização.
O choque de ordem, por certo, um dia chegará ao Largo do Machado.